LESÃO DO MANGUITO ROTADOR E RISCOS OCUPACIONAIS: INTEGRAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO
George Kemil Abdalla; Luciane Beatriz Silva Abdalla
Resumo
Introdução: A lesão do manguito rotador (LMR) é uma das principais causas de dor e disfunção do ombro, sendo altamente prevalente na população geral e relevante no contexto ocupacional. Movimentos repetitivos, uso excessivo de força e posturas inadequadas no ambiente de trabalho estão entre os principais fatores de risco, resultando em afastamentos laborais, custos socioeconômicos e comprometimento da qualidade de vida. Dada sua etiologia multifatorial e complexidade clínica, o manejo da LMR demanda uma abordagem multiprofissional. Objetivo: Analisar sistematicamente a literatura sobre os fatores de risco ocupacionais associados à LMR e discutir o papel da equipe multiprofissional – ortopedista, médico do trabalho, fisioterapeuta e biomédico – no diagnóstico, tratamento e reabilitação. Metodologia: Realizou-se revisão sistemática segundo a diretriz PRISMA 2020, com buscas em PubMed, Scielo, Web of Science, Cochrane Library e Google Acadêmico (1995–2025). Foram incluídos estudos originais, revisões, metanálises e diretrizes clínicas que abordassem etiologia, diagnóstico, tratamento e/ou reabilitação da LMR, com enfoque em riscos ocupacionais e integração multiprofissional. Excluíram-se relatos de caso, estudos em animais e artigos com mais de 30 anos. Resultados: Os achados confirmam que a síndrome do impacto e os microtraumas repetitivos constituem mecanismos fisiopatológicos centrais da LMR. Profissões como pintores, costureiras, cabeleireiros, trabalhadores da construção civil e de telemarketing apresentam maior vulnerabilidade. O diagnóstico precoce requer anamnese detalhada, exame físico e exames de imagem, nos quais a ultrassonografia e a ressonância magnética se destacam, com papel técnico do biomédico e interpretação clínica pelo ortopedista. O tratamento conservador é indicado na maioria dos casos, incluindo fármacos, infiltrações e fisioterapia progressiva, enquanto a cirurgia é reservada para rupturas extensas ou refratárias. O fisioterapeuta desempenha função essencial na reabilitação, desde fases de proteção até o fortalecimento e propriocepção. O médico do trabalho, por sua vez, é fundamental na prevenção e reintegração, por meio da Análise Ergonômica do Trabalho (NR-17) e da adequação das condições laborais. Considerações Finais: A integração multiprofissional mostra-se determinante para o sucesso terapêutico, prevenindo recidivas e promovendo reintegração ocupacional segura. Há necessidade de estudos prospectivos que padronizem protocolos de reabilitação e avaliem o impacto da ergonomia na redução da incidência de LMR.
Palavras-chave
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